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Ocupações desordenadas crescem 62% em área de proteção ambiental no litoral norte de São Paulo

Previsão é que o crescimento seja 10 vezes maior nos próximos anos

Área possui mais de 87 espécies de animais catalogadas. Ações práticas desenvolvidas pelo ICC (Instituto Conservação Costeira), uma organização não-governamental sem fins lucrativos, vem auxiliando na preservação da APA (Área de Proteção Ambiental) Baleia-Sahy, localizada entre as praias da Baleia e Barra do Sahy, na região sul de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo. Entre as principais ações estão a inibição de novas ocupações irregulares, que surgem da noite para o dia, sem as mínimas condições estruturais e ausência total de esgotamento sanitário. Muitas dessas moradias são erguidas em áreas de risco ou à beira de rios.

Levantamento feito pelo Instituto revela que em quatro anos, a região cresceu 62% somente na Baleia Verde em relação às últimas décadas. E o cenário é desolador: a previsão é que o crescimento seja 10 vezes maior nos próximos anos. A área possui mais de um milhão de metros quadrados e abrange cinco importantes ecossistemas, além de mais de 87 espécies de animais catalogadas com algum grau de instituição. A APA está inserida no que ainda restou da exuberância da Mata Atlântica, um dos últimos remanescentes florestais do planeta. 

O lugar é um refúgio natural que atrai turistas o ano inteiro. Mas nos últimos anos, milhares de pessoas se mudaram para a região, iniciando-se um crescimento desordenado. A burocracia do Poder Público contribuiu para o crescimento dessas construções irregulares, ameaçando o colorido das matas, aumentando a criminalidade, tudo isso aliado à falta de infraestrutura e à poluição de rios e praias.

Contenção

Para tentar reverter essa situação, o ICC, criado em agosto de 2013, abraçou a causa e iniciou ações para a contenção de invasões desordenadas e suas consequências negativas para os moradores, turistas e todo o Meio Ambiente. Em uma parceria inédita com a prefeitura de São Sebastião, o ICC ficou responsável por gerenciar a APA Baleia-Sahy. 

Outros parceiros de peso integram esta gestão, garantindo a eficácia da proposta de preservação do local, principalmente na demolição das construções erguidas irregularmente. As alianças permitem ao ICC a elaboração do Plano de Gestão da APA, que não fica só no papel. Em curto prazo, o objetivo é a melhoria do esgotamento sanitário, a expansão da rede coletora, a despoluição e recuperação dos rios Sahy e Negro; além da melhoria na balneabilidade das praias de Barra do Sahy e Baleia.

O ICC busca ainda a demarcação do perímetro da APA com marcos oficiais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), com planos detalhados de monitoramento e prevenção de invasão, além do Plano de Manejo, que terá um minucioso estudo e deverá ser concluído em 2020.

Plano Anual de Trabalho

O ICC elaborou um Plano Anual de Trabalho, com ações iniciadas já em 2014, e também proporciona uma participação direta da comunidade e de setores, promovendo atividades, que incluem eventos com moradores e turistas, ações de fiscalização, limpeza e manutenção dos rios navegáveis da APA, e reuniões com empresas e órgãos públicos. Seus integrantes realizam ainda um trabalho de conscientização da comunidade de Barra do Sahy e Baleia Verde, de porta em porta, com informações sobre a preservação do ambiente em que vivem, garantindo qualidade de vida por futuras gerações.

Está previsto dentro do Plano de Manejo a construção de uma sede oficial da APA Baleia-Sahy, que será responsável pelo desenvolvimento, comunicação e ações de fomento ao turismo ecológico. No plano de trabalho a longo prazo, a ideia é criar o Parque APA Baleia-Sahy, para visitação pública. A ideia é utilizar o espaço para turismo ecológico e navegação dos rios, realizar a integração da comunidade local com a comunidade cientifica e promover o desenvolvimento financeiro autossustentável, capacitando jovens da comunidade como monitores ambientais.

Em apenas um ano de existência, o ICC já realizou inúmeras realizações Pró-APA, visando a proteção da fauna e flora da região, elaborando projetos e estudos sobre os impactos da ocupação desordenada, implantando monitoramento e diagnósticos preventivos, participando de audiências públicas e de campanhas de conscientização e inseriu o perímetro da APA no Plano Diretor de São Sebastião. O valor que isso tem é incalculável: preservar a natureza por muitas gerações, poder ver filhos, netos e bisnetos correndo pela praia, navegando pelos rios. Isso não tem preço.

Fontes: Agência Ecopress / Instituto Conservação Costeira / Newsfacto Comunicação Corporativa.

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